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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Adeus, minha pequena.

Não há nada mais horrível do que aquele sentimento que te torna tão frágil quanto uma criança indefesa, sem conhecimento de mundo e dependente da atenção de seus graciosos pais. Começa com uma sensação estranha, e cresce rapidamente dentro do seu corpo sem que você perceba. De uma hora pra outra este doloroso sentimento toma conta de sua alma por completo como se fosse uma epidemia, neste ponto não existe mais volta.
 Foi exatamente o que ele sentiu numa rotineira manhã quando os seus olhos se depararam com os dela, uma mistura de cores encaixadas perfeitamente por Deus. Verde, azul e mel, lembranças cicatrizadas. Era uma moça formosa, seus cabelos castanhos voavam com tanta liberdade enquanto andava e todos se perdiam só de olhar. Como não reparar naquele belo corpo esculpido em ouro pelo mais talentoso anjo, curvas perfeitamente alinhadas, a proporção se aproximava da perfeição, e sua pele clara encantava o coração do pobre garoto.
 Não se sabe ao certo o motivo, mas com toda certeza foi obra divina. Era uma tarde chuvosa quando os dois se encontraram e se amaram de uma forma inenarrável. Espaço e tempo para o casal não faltavam, não conseguiam enjoar um do outro, a intimidade foi aumentando e as lembranças iam sendo colocadas uma a uma no coração que agora era único. Porém, a juventude bateu na porta e o garoto escorregou num profundo abismo, infelizmente não conseguiu alcançar a superfície a tempo. A sua amada o perdoou, mas surgiram as desconfianças e a relação começou a esfriar como se fosse um rigoroso inverno chegando lentamente.
 Contudo, o sentimento perdurou, superando os conflitos que haviam ocorrido por um bom tempo. Cada vez mais este cruel sentimento ia crescendo por entre as entranhas, mas, aparentemente, aquele não era o tempo certo. A relação começou a desabar, mal sabiam que necessitavam retirar as vendas de seus olhos para enxergarem a realidade.
As horas iam passando e o tempo esgotando, até que o caminho daqueles dois apaixonados se dividiu. O garoto ouviu dizer que a sua amada estava sofrendo, mas ele precisava ser forte. Por outro lado, chegou aos ouvidos dela a notícia de que seu amado já havia superado, entretanto desconhecia o sofrimento dele. Perderam o contato, tocaram suas vidas, só que os corações continuaram conectados por uma linha muito tênue, porém resistente. Oito meses se passaram e eles se reencontraram, os olhos do garoto foram ao encontro dos perfeitos olhos de sua amada novamente. Verde, azul e mel, lembranças cicatrizadas. 
 Foram quatro dias que pareciam não ter fim, pelo menos era o que ele desejava. Os dois se amaram incondicionalmente, o sentimento havia voltado no tempo. Seus lábios se tocaram, seus corpos se encaixaram e seus corações se tornaram um só novamente. Porém, sua amada tinha que partir, a dor acertou o belo casal em cheio. O garoto então, por meio de um desejo, escolheu deixar o destino deles nas mãos de Deus, e se despediu dizendo "Adeus, minha pequena."

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