Hoje (dia 5) é o dia pra quem gosta de contos grandes!
Prólogo
Joseph foi até o velho e empoeirado quarto de ferramentas,
onde seu pai guardava todo tipo de lixo, verdadeiras ferramentas, antigas armas
que não mais funcionavam e até mesmo raras e velhas peças de carros. O local
mais parecia uma caverna do que qualquer outra coisa. Ele abriu a tranca
enferrujada da pequena porta de madeira e entrou, com sua pequena lanterna
iluminou o pouco que podia a sua frente enxergando algumas quinquilharias. Viu
de chaves inglesas a pedaços de árvore podres. Em um canto da sala encontrou um
baú de madeira com uns três centímetros de pó e teias de aranha cobrindo-o
completamente, fechado apenas com um cadeado muito oxidado, não foi preciso
esforço algum para abri-lo apenas uma ajudinha de um sujo tubo de ferro. Joseph
apontou a lanterna para dentro do baú, revirou por alguns instantes e no fundo
um surrado esquálido machado, retirou-o da velha caixa e depois a fechou.
Parecia ser exatamente o que ele buscava. O antigo machado de cabo bem
ornamentado em boa madeira, o entalhamento feito a mão ia da barriga até o
castão do antigo objeto. Aparentava ser uma peça única quase especial, a lâmina
estava bem gasta, a cabeça coberta de ferrugem, castigado pelo tempo, aquela
coisa implorava por um salvador. Joseph passou a mão na parte de cima do
machado para remover um pouco da sujeira, quando o fez percebeu uma linda
gravura, uma águia dentro de um círculo bem centralizado, igualmente distante
entre o olho e a extremidade do machado. Saindo da lâmina em direção a bochecha
havia um alto relevo, uma forma ondulada que lembrava a movimentação das águas.
Joseph sentiu que finalmente encontrara o que tanto buscou.
I
Alcoolismo sempre vai ser um problema para a humanidade,
famílias inteiras caem diante dessa situação. São pais molestando esposas e
filhos, entrando em brigas, traindo suas famílias das formas mais sórdidas
possíveis. Desde pequeno Joseph conhecia o poder da bebida, cresceu vendo sua
mãe atônita as bebedeiras de seu pai, as brigas, a violência aumentando
conforme o vicio se torna mais forte. Cada objeto quebrado em sua casa trás a
tona uma triste lembrança é da natureza humana ser ruim ou ao menos se tornar
ruim através de seu ambiente, traves de um rude passado trazendo a tona as
piores atitudes possíveis.
Joseph acordou, sentou em sua cama e olhou seu pulso...
O barulho de um carro desembestado freando bruscamente no
gramado da frente acordara o pequeno Joseph, ele levantou de sua cama para
espiar pela janela e via seu pai saindo do carro em mais de seus tristes
episódios, chegou até a porta e nem a chave conseguia achar, tão embriagado que
não lembrava a chave de emergência na luminária esquerda da porta. Começou a
bater na porta com certa força fazendo bastante barulho.
— Sarah! Sarah! — Gritou Robert o pai de Joseph, batendo com
violência na porta. — Sarah! Ande logo! — Completou Robert.
Sarah a invalida mãe de Joseph, sempre permitira as
canalhices de seu marido, fechava os olhos para todas as grosserias e maus
tratos contra ela e seu filho. Sabia de cada traição a qual Robert cometera em
cima dela, cada mulher com quem esteve em bares e motéis vagabundos pela cidade
a fora, cada final de semana sem noticia alguma, cada peça de mobília quebrada
e cada noite que foi violada, mas Sarah fora criada para fazer o que o marido
quer como se ele fosse superior de alguma forma, porém seu pai foi um homem
honrado que jamais fizera tais coisas com sua mãe. Sarah não teve a mesma sorte
ao se casar, pouco tempo depois do casamento os problemas já começaram a
aparecer, Robert se tornara um alcoólatra problemático. Sarah assistia a tudo
calada enquanto tentava criar seu filho da melhor maneira possível, permitira
os mais tórridos abusos apenas para não causar mais problemas ainda e para que
Joseph não sofresse ainda mais.
As luzes da casa se acenderam, era Sarah descendo para abrir
a porta. Ela pegou a chave no porta chaves e abriu.
— Por que demorou tanto? Em Sarah!? — Robert estava com os
olhos avermelhados e algumas marcas no pescoço, a roupa toda amarrotada e mal
vestida. Cheirava a bebida e perfume barato de prostituta. Sarah o observou com
lágrimas nos olhos, estava vestida com sua camisola que ia até o pescoço e em
seus ombros a antiga manta que sua mãe lhe dera. Ela segurou firme no crucifixo
de seu pescoço, pois sabia o que estava por vir.
— Sarah vá me buscar um café.
— Mas Robert você não quer ir se deitar primeiro? —
respondeu ela olhando cabisbaixa para ele.
— Vá buscar um café e depois suba para o quarto. Faça o que
eu estou lhe mandando, agora! — Robert gritou e adentrou na casa empurrando
Sarah com vigor. Em seu quarto Joseph se encolheu em sua cama e começou a
chorar ouvindo os gritos de seu pai.
Sarah foi para a cozinha pegar o café aos prantos. Robert
foi ate a sala e esperou o café sentado como um rei senta em seu trono. Sarah
lhe trouxe a bandeja com a xícara de café, ele gesticulou para ela subir, ela
baixou a cabeça e subiu imediatamente. Joseph levantou-se para ir ao banheiro e
viu sua mãe subindo.
— Joseph. Volte para seu quarto. — Cochichou ela para seu
filho.
— Preciso ir ao banheiro mamãe.
— Não importa volte para seu quarto agora! — Joseph fechou a
porta e voltou para cama.
Robert terminou seu café dos reis largou a xícara por lá
mesmo, desajeitado levantou e caminhou em direção a escada que dava acesso ao
andar superior, segurou-se no velho corrimão e começou a subir devagar,
cambaleante. Chegando ao corredor dos quartos e banheiro percebeu por baixa da
porta de Joseph que o abajur estava acesso e entrou no quarto. Joseph acabara
por molhar seu colchão depois que sua mãe o mandou voltar pro quarto, Robert
percebeu o acidente e o repreendeu com fortes e possessivos puxões nos braços,
Joseph apenas chorava. Robert o largou após alguns instantes e caminhou rumo ao
corredor novamente, quando a chegou a porta de seu filho para sair, olhou por
cima do ombro e disse:
— Pequeno imbecil, deste tamanho e ainda molha a cama. Coisa
nojenta! — Após as rudes palavras bateu a porta e dirigiu-se a direção de
seu quarto onde Sarah esperava na cama. Entrou sem dizer muitas palavras e já
começara a despi-la. Sarah apenas segurou firme em seu crucifixo e esperou
aquilo tudo acabar. Enquanto Robert molestava sua esposa Joseph continuava a
chorar em seus quarto ouvindo os perturbadores porem baixos ruídos vindos do
quarto do casal.
... As marcas físicas que Joseph buscava com os olhos em
seus pulsos não mais existiam, mas as marcas na alma essas permanecem para
sempre. Ao passar a infância e adolescência aquentando os desatinos de seu pai
bêbado, vendo sua mãe sofrer todos os dias, violentada e humilhada. Joseph
sempre pensou o pior sobre Robert, nunca se referia a ele como pai e sempre
como Robert. Quando chegou aos dezesseis anos sua mãe finalmente cometeu
suicídio, cortou a jugular com uma lâmina de barbear. Esse acontecimento foi à
linha que dividiu Joseph, o garoto ficou para trás e agora somente resta o
vingativo homem.
A idéia estava formada na cabeça de Joseph, Robert não podia
fazer parte do mundo tinha que ser extirpado como uma erva daninha. Tinha que
não somente morrer, mas tinha que sofrer, tinha que pagar por todos os seus
pecados, por toda a dor que causou, sua mãe suicidara por causa dele e ela iria
ter eu pagar com a própria vida. O óbvio ocorreu a Joseph, teria que levantar a
mão para seu próprio pai, o que seria difícil Joseph não era um assassino.
Joseph fazia o último ano do ensino secundário, conseguia
dinheiro trabalhando part time em uma lanchonete de fast food, tinha uma
monótona era um estudante regular nunca tirou uma nota ruim, mas não era nenhum
gênio, a tormenta de seu pai não o deixava totalmente livre para seguir com sua
vida. Na lanchonete fazia sanduiches por seis horas diárias de segunda a
sábado, juntava o dinheiro para um entrar na faculdade. Apenas um ano se
passara desde a morte de sua mãe, foi o suficiente para sua raiva
multiplicar-se por varias vezes, ninguém poderia saber o que planejava, pois
com dezessete anos se for pego por assassinato sua vida também acabaria.
Joseph foi ate seu quarto pegou um pouco de dinheiro em seu
esconderijo, dentro de um buraco na parede, do contrario se seu pai achasse o
dinheiro o gastaria em bebidas e mulheres. Depois de pegar seu dinheiro Joseph
saiu para comprar algumas coisas para finalmente se vingar do homem que sugou a
vida de sua mãe. Ele foi até a farmácia e comprou uma caixa de diazepam, Robert
não fazia idéia do que estava por vir.
No dia seguinte depois do trabalho Joseph foi correndo para
casa, pois tinha trabalho a fazer. Joseph foi até a cozinha, abriu a geladeira
pegou uma garrafa de vinho aberta que Robert deixara pela metade, pegou uma
pequena tigela e amassou metade da caixa de diazepam que tinha comprado, depois
colocou a droga no vinho. Aquela quantidade de calmante faria Robert dormir por
horas. Após limpar a tigela e guardar o vinho pegou a maior faca tinha lá e
subiu para seu quarto. Em seu quarto ele guardava uma corda que achara na
garagem onde já tinha pegado um lindo machado, guardou a faca junto com resto
das coisas que ia usar.
II
Robert acabara de chegar em casa era hora de Joseph por seu
demente plano de vingança em ação. Robert entrou em casa facilmente, Joseph
havia deixado a porta destrancada. Robert entrou e como de costume foi direto a
cozinha beber alguma coisa, abriu a geladeira viu o vinho e imediatamente o
pegou, começou a beber desesperadamente, não demorou muito e ele estava caído
no chão ao lado dos cacos da garrafa. Joseph escutou a queda de Robert e desceu
carregando seu machado, corda e a faca que pegara da cozinha. Foi ate a garagem
e deixou suas coisas, depois voltou para buscar Robert. Joseph segurou os pés
de seu pai e arrasto-o até a garagem, amarrou-o em uma das colunas, prendeu bem
firme com a corda e umas velhas correntes que lá estavam. Após fazer isso
Joseph caiu no sono, por lá mesmo.
Mal havia amanhecido e Joseph já tinha se posto de pé
aguardando Robert acordar.
— Ah. O que está acontecendo aqui. Joseph, que brincadeira é
essa? Solte-me seu moleque de merda! — Robert olhou para Joseph e em seus olhos
viu sua morte a caminho. Tremeu de desespero ia gritar, mas Joseph o amordaçou.
— Hoje você vai me ouvir e sofrer vai pagar por tudo que já
fez. — Joseph parecia ter os olhos de um demônio enquanto falava com Robert, as
chamas em seu olhar e o sorriso lembravam a face de um serial killer. Joseph
pegou seu machado segurou bem firme e sorriu mais uma vez.
— Joseph, por favor, pelo amor de Deus não me mate. — Robert
tentou suplicar para seu filho, mas nem todas as lágrimas do mundo o fariam
mudar de idéia.
Joseph então pegou a faca, andou lentamente na direção em que
amarrou Robert. – A cada passo de Joseph, Robert tremia, soluçava e chorava.
Tudo inútil Joseph não pararia até que tudo tivesse acabado. Levantou a faca na
altura da barriga de Robert e num único impulso enfiou a lâmina bem fundo no
rim esquerdo de Robert, que quase o fez desmaiar, não pode gritar a mordaça o
impedia de fazer qualquer barulho.
— Só estou começando, hoje você saberá o que é a dor já que
tanto a causou. — Joseph estava com um sorriso de canto, parecia feliz em
torturar seu pai até que sucumbisse a morte. — Você estragou a vida de minha
mãe, uma excelente mulher, não vou deixar que faça o mesmo com mais ninguém.
Joseph retirou a faca deixando o ferimento de Robert exposto
se desfazendo em sangue, largou a faca suja no chão e se dirigiu ao lindo
machado. Segurando firme no machado e caminhando em direção a Robert novamente
– pensando em quantas vezes a vida de sua foi extirpada por aquele monstro,
todos os hematomas, todas as brigas, todas as lagrimas derramadas.
— Robert, você não sairá daqui hoje, ao menos não com vida e
nem andando com seus próprios pés. — Ao dizer isso Joseph levantou o machado na
altura de sua cabeça e golpeou com toda a força que tinha o pé direito de
Robert, inundando quase que imediatamente o chão sujo com o sangue ainda quente
de seu próprio pai.
Joseph levantou agora pela ultima vez o ensangüentado
machado e acertou o pescoço de Robert, molhando o seu alegre rosto de sangue.
Robert estava morto e a missão de Joseph havia acabado.
Joseph colocou as coisas que usara para matar em uma velha
mochila, pegou também seu dinheiro e simplesmente partiu. Nunca mais aquele
garoto foi visto naquela cidade.
Algum vizinho após alguns dias chamou a policia suspeitando
da pouca movimentação na casa. Os policiais encontraram o corpo em decomposição
junto com um recado que Joseph deixara antes de fugir.
As pessoas sempre devem pagar por seus crimes e erros, um
dia eu pagarei pelo meu, mas por enquanto vou sair e viver feliz.
Joseph
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